Apesar do decreto de emergência
zoossanitária no país, estado não tem registro de casos suspeitos ou
confirmados
Setor avícola da Bahia discute
estratégias em relação à gripe aviária H5N1
Apesar do decreto de emergência zoossanitária no país, estado não tem registro
de casos suspeitos ou confirmados
Para discutir as estratégias de
biosseguridade em relação à Gripe Aviária (H5N1) no país, a Agência de Defesa
Agropecuária da Bahia (Adab) participou ontem (22) de uma reunião do Comitê
Estadual de Sanidade Avícola (Coesa), que cumpre um papel importante na cadeia
produtiva do setor. O órgão consultivo e de assessoramento do Programa Estadual
de Sanidade Avícola (PESA), reuniu representantes dos setores público e privado
da avicultura na sede do Ministério da Agricultura, em Salvador.
Além de dirigentes e fiscais da
Adab e do Mapa, o setor produtivo esteve representado pela Associação Baiana de
Avicultura (ABA), empresários, médicos-veterinários e responsáveis técnicos de
frango de corte, matrizeiros, representantes de empresas comerciais que vendem
rações, insumos.
“Entendemos que se trata de
uma responsabilidade compartilhada e o objetivo é unir forças para enfrentar
esse problema, mitigando os prejuízos para o setor produtivo e a cadeia como um
todo da avicultura”, declara o coordenador do Coesa, André Pazos, que avalia o
encontro como positivo.
“É necessário que tenhamos uma
atualização constante e entendimento do atual cenário. Uma oportunidade para
expormos as nossas dificuldades e facilidades. A cadeia produtiva é uma
engrenagem, quando um lado não funciona, compromete todo o setor e todos nós
temos interesse de que a doença não chegue no estado ou que esse enfrentamento
seja rápido e de menor impacto possível”, justifica. “São fundamentais a
expertise do Mapa e da Adab e o entendimento da responsabilidade compartilhada
também com o setor produtivo”, conclui.
Na oportunidade, o diretor de
sanidade animal da Adab, Carlos Augusto Chaves, apresentou a nova coordenadora
do PESA, Estela Brandão, e falou que a prioridade, nesse momento, é proteger a
avicultura baiana, uma cadeia de tamanha importância pelo seu papel econômico e
social, sobretudo na geração de emprego e renda, e que a confirmação da
presença do vírus H5N1 no país exigiu dos órgãos de controle uma revisão e
adoção de novos protocolos.
A coordenadora de vigilância
epidemiológica da Adab, Camile Andrade, apresentou os procedimentos de defesa
sanitária animal a serem implementados e reforçados após a detecção da infecção
pelo vírus de alta patogenicidade (IAAP) em estabelecimento de aves comerciais
no Brasil.
“Mobilizamos e preparamos
nossas equipes de defesa animal para o atendimento a qualquer suspeita desta
enfermidade, quer seja em aves domésticas, silvestres ou migratórias, e
vigilância ativa nas granjas e no seu entorno”.
O primeiro passo, segundo ela foi realizar o rastreamento para verificar se houve alguma destinação de ovos férteis ou pintos para a Bahia. “Confirmamos que não houve nenhum trânsito entre o matrizeiro, onde ocorreu o foco de influenza aviária em aves comerciais no Rio Grande do Sul, em Montenegro, para o estado. A partir de agora, nosso foco maior é reforçar a vigilância, os cuidados e a educação sanitária quanto a critérios de biossegurança nas granjas. Reforçar ainda a importância da notificação e do contato do produtor com a Adab”, enfatiza.

Sinais da doença
Ao identificar nas aves
sintomatologia característica, a orientação é que informe imediatamente à Adab.
“São indicativos da doença apatia, falta de apetite, dificuldade respiratória,
inchaço na cabeça, pescoço e crista, diarreia, uma alta mortalidade ou até
mesmo uma queda abrupta na produção de ovos. Para esses casos, a orientação é
que seja feito o contato imediato com a agência e que não haja manejo das aves.
Teremos um tempo de até 12 horas para atender essa suspeita. É nessa hora que a
Adab vai até a propriedade, seguindo todos os critérios de biossegurança
estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), assim, garantir
a segurança do produto que vai à mesa do consumidor e da saúde da pessoa”,
detalha a também médica-veterinária, Camile. O órgão criou canais exclusivos de
atendimento para recebimento das notificações, coordenados pelo PESA (Telefone:
(71) 3194 – 2098 / 2099 / 99627-9797 e e-mail: pesa@adab.ba.gov.br).
Comércio e trânsito
Apesar das restrições temporárias
impostas às exportações brasileiras de carne de aves, os órgãos reguladores
atestam que não há risco de contaminação em relação ao consumo de carne de
frango e ovos. A preferência por produtos inspecionados, com selos federal,
estadual ou municipal é a recomendação.
Vale salientar que o Brasil é o
segundo maior produtor de proteína de frango do mundo (15 milhões de toneladas)
e o maior exportador desse setor (151 países). Nesse cenário, a Bahia figura
como o maior do Nordeste e o nono maior produtor do Brasil
Com relação à destinação, as
aves, ovos férteis e pintos que chegam ao estado são provenientes,
principalmente, do Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais e nenhum dos
referidos estados estão sob suspeita de Influenza Aviária, no momento.
“Mesmo, com o risco minimizado
por essa condicionante, a Adab manterá o monitoramento no rastreamento de
trânsito, além de reforçar também as ações de barreiras móveis e em postos
fixos de trânsito”, enfatiza Camile Andrade.
Atualmente, a Adab tem 22 postos
ou barreiras sanitárias fixas no estado da Bahia, sendo a sua maioria
localizados em regiões de divisa. Vale ressaltar que é o estado com o maior
número de divisas (oito), o que torna imprescindível esse reforço com as ações
de trânsito, além das ações de vigilância, reforçadas em biossegurança nas
propriedades”, conclui.
Para o setor produtivo, a
orientação é de que seja intensificado o controle de entrada de pessoas,
veículos, produtos e subprodutos nas granjas e empresas; que fossem revisadas
telas e forros para evitar a entrada de pássaros e aves migratórias nas unidades
de produção, além de intensificar limpeza das casas sanitárias com produtos
específicos.
Importância
Segundo a Associação Baiana de
Avicultura (Aba), a Bahia produz cerca de 60% da proteína de frango que
consome, os outros 40% são provenientes de outros estados, em sua maioria, de
Minas Gerais, devido à proximidade territorial. As principais regiões produtoras
da proteína de frango são o extremo-sul, oeste e recôncavo baiano, este último
o mais antigo, tendo a cidade de Conceição da Feira como grande expoente da
atividade. Isso se deve à proximidade com cidades como Feira de Santana e
Salvador, grandes centros consumidores.
Já o Oeste da Bahia tem atraído
empresas devido à grande disponibilidade de ração para alimentação animal,
facilitando o desenvolvimento da cadeia produtiva e barateando os custos.